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Familial thyroid cancer : identification of novel susceptibility genes / Inês Filipa Jorge Reis Marques ; orient. Branca Maria Prudêncio Limón Cavaco, Margarida Maria Teixeira de Morais de Moura

Main Author Marques, Inês Filipa Jorge Reis Secondary Author Cavaco, Branca Maria Prudêncio Limón
Moura, Margarida Maria Teixeira de Morais de
Language Inglês. Publication Lisboa : NOVA Medical School, 2019 Description xxiii, 140 p. : il. Abstract RESUMO: O carcinoma da tiróide é a neoplasia mais comum do sistema endócrino. A maioria dos carcinomas da tiróide deriva das células foliculares, sendo designados carcinomas nãomedulares da tiróide (NMTC). Os NMTC podem apresentar-se como forma familiar, que é denominada FNMTC (carcinoma não-medular da tiróide familiar), representando 3 a 9% de todos os carcinomas da tiróide. O FNMTC é definido pelo diagnóstico de dois ou mais familiares em primeiro grau com carcinoma da tiróide de origem folicular. Frequentemente os familiares apresentam lesões benignas da tiróide, como o bócio multinodular (MNG). Embora tenham sido mapeados e identificados alguns genes de susceptibilidade para o FNMTC (e.g. NKX2.2, FOXE1 e DICER1), estes encontram-se alterados apenas numa reduzida fracção das famílias. Desta forma, a base molecular do FNMTC permanece essencialmente desconhecida, sendo considerada uma doença geneticamente heterogénea. Recentemente, foram descritas mutações germinais truncantes em genes de reparação do DNA em casos com cancro da tiróide. A progressão dos tumores da tiróide de origem familiar envolve a ocorrência de mutações somáticas activadoras nos genes BRAF e RAS. De modo a clarificar a base molecular do FNMTC, o objectivo principal deste projecto foi identificar novo(s) gene(s) de susceptibilidade para esta doença. De modo a alcançar este objectivo foram utilizadas três abordagens diferentes: a análise por sequenciação global do exoma (WES) de uma das famílias mais representativas da série em estudo (seis membros afectados com NMTC); a análise de 94 genes que predispõem para cancro hereditário, em 48 probandos de famílias com FNMTC, através de sequenciação de nova geração (NGS), utilizando um painel comercial (Trusight Cancer Kit); por último, foram analisados dois genes candidatos, TERT e EIF1AX, seleccionados com base em evidências prévias do seu envolvimento no cancro familiar e/ou esporádico da tiróide. A análise através de WES de seis membros afectados da família com FNMTC, gerou mais de 300.000 variantes por cada amostra. As variantes mais relevantes foram seleccionadas através de análise bioinformática, uso de filtros específicos e validadas através da sequenciação de Sanger. Recorreu-se à predição in silico, pesquisa na literatura e em bases de dados sobre a função e expressão génica para seleccionar as variantes potencialmente patogénicas, e em seguida realizaram-se estudos da segregação das variantes com a doença na família. A variante (c.701C>T, p.Thr234Met) no gene SPRY4 foi priorizada para estudos funcionais. Efectuaram-se estudos funcionais em três modelos celulares (NIH/3T3, PCCL3 e TPC-1) para avaliar a possível contribuição desta variante para a tumorigénese na tiróide. Observou-se que a variante induzia um aumento na proliferação/viabilidade celular, na formação de colónias e nos níveis de fosforilação de proteínas envolvidas nas vias MAPK/ERK e PI3K/AKT. Estes dados estão de acordo com o papel bem estabelecido para estes mecanismos de sinalização no desenvolvimento dos tumores da tiróide. Concluindo, estes resultados sugeriram, pela primeira vez, um papel para o gene SPRY4 na iniciação tumoral do cancro da tiróide familiar. Na análise dos 94 genes através de NGS nos 48 probandos das famílias com FNMTC, identificou-se um total de 20.160 variantes. Os dados da análise in silico do NGS revelaram 47 variantes germinais potencialmente patogénicas, em genes envolvidos na reparação do DNA (33 variantes) e noutros genes relacionados com a predisposição para o cancro hereditário (14 variantes). Destas variantes apenas 18 segregaram com a doença em 13 famílias, das quais 15 variantes ocorriam em genes de reparação do DNA (APC, ATM, CHEK2, ERCC2, BRCA2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, BRIP1 and PALB2), duas no gene DICER1 e uma no gene RHBDF2. Estes resultados reforçaram a relevância dos genes de reparação do DNA e do gene DICER1 na etiologia do FNMTC, contribuindo para o conhecimento actual através da identificação de genes, tais como o CHEK2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, PALB2, BRIP1 e RHBDF2, como estando possivelmente envolvidos na susceptibilidade para esta doença. Os principais mecanismos envolvidos na reparação do DNA, que foram identificados como estando alterados neste estudo, incluem a reparação da quebra da dupla cadeia de DNA através de recombinação homóloga (genes CHEK2, ATM, BRIP1, BRCA2, FANCD2 e PALB2) e a reparação do tipo “interstrand crosslink” do DNA (genes FANCA e FANCF); os outros mecanismos incluem a reparação da quebra da cadeia simples de DNA por excisão de nucleótido (genes ERCC4 e ERCC2) e por excisão de base (gene APC). Na abordagem que envolveu o estudo directo de genes candidatos para FNMTC, utilizouse a sequenciação de Sanger, não tendo sido identificadas variantes potencialmente patogénicas a nível germinal no promotor do TERT, nos 75 probandos das famílias estudadas. Contudo, nos 54 tumores da tiróide dos familiares estudados identificaram-se mutações no promotor do TERT (9%), BRAF (41%) e RAS (7%), não tendo sido identificadas mutações no gene EIF1AX. As amostras positivas para o TERT também eram positivas para o BRAF, sendo esta co-ocorrência estatisticamente significativa (p=0.008). Além disso, as mutações no gene TERT em concomitância com mutações no gene BRAF revelaram uma correlação significativa em estádios mais avançados do tumor (T4) (p=0.020). Este estudo demonstrou que as mutações no promotor do TERT não estão envolvidas na etiologia do FNMTC, mas sim implicadas na progressão e agressividade tumoral, quando coexistem com mutações no BRAF. Concluindo, identificaram-se genes que poderão estar envolvidos na tumorigénese do FNMTC. O gene SPRY4 poderá explicar a etiologia dos tumores da tiróide na família com FNMTC estudada e os genes de reparação do DNA parecem estar implicados na iniciação do FNMTC em diferentes famílias. Confirmou-se o papel oncogénico dos genes RAS e BRAF na progressão dos tumores da tiróide de origem familiar e, pela primeira vez, demonstrou-se que a coexistência de mutações no promotor do TERT e no BRAF está relacionada com a progressão e agressividade em FNMTC. O presente estudo incrementou o conhecimento actual sobre a base genética do FNMTC e corroborou que se trata de uma doença geneticamente heterogénea. A identificação destes genes envolvidos na iniciação e progressão do FNMTC, se suportado por estudos noutras séries, poderá permitir que famílias com esta doença tenham acesso a um diagnóstico precoce, facilitando o manejo clínico dos doentes.
ABSTRACT: Thyroid cancer is the most common malignancy of the endocrine system. The majority of thyroid cancers derive from the follicular cells, being designated as non-medullary thyroid carcinomas (NMTC). NMTC also occurs in a familial form, entitled familial non-medullary thyroid carcinoma (FNMTC), representing 3-9% of all thyroid cancers. FNMTC is currently defined by the diagnosis of two or more first degree relatives with differentiated thyroid cancer of follicular cell origin. The family members frequently present benign lesions of the thyroid, such as multinodular goiter (MNG). Several FNMTC susceptibility genes have been reported, such as NKX2.2, FOXE1 and DICER1, but these are mutated only in a small fraction of families. Thus, the molecular basis of FNMTC is still mostly unknown, being regarded as a genetically heterogeneous disease. Recently, germline truncating mutations in DNA repair-related genes have been described in cases of thyroid cancer. In addition, activating mutations in BRAF and RAS oncogenes have been reported to be involved in familial thyroid tumour progression. In order to further clarify the molecular basis of FNMTC, the main goal of this project was to identify novel susceptibility gene(s) for this disease. To achieve this aim, three different approaches were used: the study of a very representative family of our cohort (six affected members with NMTC) through wholeexome sequencing (WES); the analysis of 94 genes associated with hereditary cancer predisposition in 48 probands from FNMTC families, through next-generation sequencing (NGS), using a commercial panel (Trusight Cancer Kit); and the analysis of the candidate genes telomerase reverse transcriptase (TERT) and eukaryotic translation initiation factor 1A X-linked (EIF1AX), selected based on previous evidence for their involvement in familial and/or sporadic thyroid cancer. The analysis of the FNMTC family with six-affected members through WES generated above 300,000 variants for each sample. Significant variants were selected through bioinformatics analysis, sets of filters, and validated using Sanger sequencing. In silico prediction, literature and database search of gene function and expression, were used to select potentially pathogenic variants, which was followed by analysis of their segregation with the disease in the family. The variant (c.701C>T, p.Thr234Met) in SPRY4 gene was prioritised for functional studies. To disclose the contribution of this variant to thyroid tumourigenesis, functional studies were performed using three cell models (NIH/3T3, PCCL3 and TPC-1). Overall, mutant SPRY4, compared to the wild-type, induced an increase in cell proliferation/viability, colony formation and in phosphorylation levels of proteins involved in MAPK/ERK and PI3K/AKT pathways. These results are in accordance with the well-established role of these signalling mechanisms in thyroid tumour development. Overall, these data suggested, for the first time, a role for SPRY4 in familial thyroid cancer initiation. In the NGS analysis of 94 genes in the 48 probands from FNMTC families, a total of 20,160 variants were identified. In silico analysis of NGS data unveiled 47 likely pathogenic germline variants in genes involved in DNA repair (33 variants) and in other hereditary cancer predisposing genes (14 variants). From these variants, only 18 segregated with FNMTC in 13 families, of which 15 variants were in DNA repair genes (APC, ATM, CHEK2, ERCC2, BRCA2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, BRIP1 and PALB2), two in DICER1, and one in RHBDF2. These results reinforced the relevance of DNA repair genes and DICER1 in FNMTC aetiology and extended the present knowledge, by suggesting CHEK2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, PALB2, BRIP1 and RHBDF2 as susceptibility genes for this disease. The main mechanisms involved in DNA repair, which may be altered according to this study, include the repair of double-strand breaks by homologous recombination (CHEK2, ATM, BRIP1, BRCA2, FANCD2 and PALB2 genes) and by DNA interstrand crosslink repair (FANCA and FANCF genes); the other mechanisms include repair of single-strand breaks by nucleotide excision repair (ERCC4 and ERCC2 genes) and by base excision repair (APC gene). In the approach that involved the direct study of candidate genes in FNMTC, using Sanger sequencing, no potentially pathogenic germline variants were identified in the TERT promoter in the 75 FNMTC families’ probands. However, in 54 familial thyroid tumours studied, we identified mutations in TERT promoter (9%), BRAF (41%), and RAS (7%), but no mutations were identified in EIF1AX. TERT-positive samples were also positive for BRAF, and this co-occurrence was statistically significant (p=0.008). In addition, TERT mutations in concomitance with BRAF mutations, had a significant correlation with more advanced tumour stages (T4) (p=0.020). This study showed that TERT promoter mutations are not frequently involved in FNMTC aetiology, but rather implicated in tumour progression and aggressiveness, when coexisting with BRAF mutations. Overall, we have identified novel susceptibility genes that are likely to participate in FNMTC tumourigenesis: SPRY4 seems to explain thyroid cancer aetiology in the FNMTC family studied and DNA repair genes may also be involved in FNMTC initiation. The oncogenic role of RAS and BRAF mutations in familial thyroid tumour progression was confirmed, and coexistent mutations in TERT promoter and BRAF were, for the first time, implicated in the progression and aggressiveness of FNMTC. This study improved the present knowledge of the genetic basis of FNMTC and further supported that this is a genetically heterogeneous disease. The identification of these genes involved in the initiation and progression of FNMTC, if supported by future studies in other cohorts, may allow families with this disease to undergo early diagnosis, and improve the clinical management of these patients.
Topical name Thyroid
Familial non-medullary thyroid carcinoma
DNA repair genes
Academic Dissertation
Index terms Tese de Doutoramento
Mecanismos de Doença e Medicina Regenerativa
Universidade NOVA de Lisboa
NOVA Medical School
2019
CDU 616 Online Resources Click here to access the eletronic resource http://hdl.handle.net/10362/68971 List(s) this item appears in: Teses NL
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Monografia Biblioteca NMS|FCM
MAR20 TeseD-2019 http://hdl.handle.net/10362/68971 Presencial/Restrito 20210129NL

RESUMO: O carcinoma da tiróide é a neoplasia mais comum do sistema endócrino. A maioria dos carcinomas da tiróide deriva das células foliculares, sendo designados carcinomas nãomedulares da tiróide (NMTC). Os NMTC podem apresentar-se como forma familiar, que é denominada FNMTC (carcinoma não-medular da tiróide familiar), representando 3 a 9% de todos os carcinomas da tiróide. O FNMTC é definido pelo diagnóstico de dois ou mais familiares em primeiro grau com carcinoma da tiróide de origem folicular. Frequentemente os familiares apresentam lesões benignas da tiróide, como o bócio multinodular (MNG). Embora tenham sido mapeados e identificados alguns genes de susceptibilidade para o FNMTC (e.g. NKX2.2, FOXE1 e DICER1), estes encontram-se alterados apenas numa reduzida fracção das famílias. Desta forma, a base molecular do FNMTC permanece essencialmente desconhecida, sendo considerada uma doença geneticamente heterogénea. Recentemente, foram descritas mutações germinais truncantes em genes de reparação do DNA em casos com cancro da tiróide. A progressão dos tumores da tiróide de origem familiar envolve a ocorrência de mutações somáticas activadoras nos genes BRAF e RAS. De modo a clarificar a base molecular do FNMTC, o objectivo principal deste projecto foi identificar novo(s) gene(s) de susceptibilidade para esta doença. De modo a alcançar este objectivo foram utilizadas três abordagens diferentes: a análise por sequenciação global do exoma (WES) de uma das famílias mais representativas da série em estudo (seis membros afectados com NMTC); a análise de 94 genes que predispõem para cancro hereditário, em 48 probandos de famílias com FNMTC, através de sequenciação de nova geração (NGS), utilizando um painel comercial (Trusight Cancer Kit); por último, foram analisados dois genes candidatos, TERT e EIF1AX, seleccionados com base em evidências prévias do seu envolvimento no cancro familiar e/ou esporádico da tiróide. A análise através de WES de seis membros afectados da família com FNMTC, gerou mais de 300.000 variantes por cada amostra. As variantes mais relevantes foram seleccionadas através de análise bioinformática, uso de filtros específicos e validadas através da sequenciação de Sanger. Recorreu-se à predição in silico, pesquisa na literatura e em bases de dados sobre a função e expressão génica para seleccionar as variantes potencialmente patogénicas, e em seguida realizaram-se estudos da segregação das variantes com a doença na família. A variante (c.701C>T, p.Thr234Met) no gene SPRY4 foi priorizada para estudos funcionais. Efectuaram-se estudos funcionais em três modelos celulares (NIH/3T3, PCCL3 e TPC-1) para avaliar a possível contribuição desta variante para a tumorigénese na tiróide. Observou-se que a variante induzia um aumento na proliferação/viabilidade celular, na formação de colónias e nos níveis de fosforilação de proteínas envolvidas nas vias MAPK/ERK e PI3K/AKT. Estes dados estão de acordo com o papel bem estabelecido para estes mecanismos de sinalização no desenvolvimento dos tumores da tiróide. Concluindo, estes resultados sugeriram, pela primeira vez, um papel para o gene SPRY4 na iniciação tumoral do cancro da tiróide familiar. Na análise dos 94 genes através de NGS nos 48 probandos das famílias com FNMTC, identificou-se um total de 20.160 variantes. Os dados da análise in silico do NGS revelaram 47 variantes germinais potencialmente patogénicas, em genes envolvidos na reparação do DNA (33 variantes) e noutros genes relacionados com a predisposição para o cancro hereditário (14 variantes). Destas variantes apenas 18 segregaram com a doença em 13 famílias, das quais 15 variantes ocorriam em genes de reparação do DNA (APC, ATM, CHEK2, ERCC2, BRCA2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, BRIP1 and PALB2), duas no gene DICER1 e uma no gene RHBDF2. Estes resultados reforçaram a relevância dos genes de reparação do DNA e do gene DICER1 na etiologia do FNMTC, contribuindo para o conhecimento actual através da identificação de genes, tais como o CHEK2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, PALB2, BRIP1 e RHBDF2, como estando possivelmente envolvidos na susceptibilidade para esta doença. Os principais mecanismos envolvidos na reparação do DNA, que foram identificados como estando alterados neste estudo, incluem a reparação da quebra da dupla cadeia de DNA através de recombinação homóloga (genes CHEK2, ATM, BRIP1, BRCA2, FANCD2 e PALB2) e a reparação do tipo “interstrand crosslink” do DNA (genes FANCA e FANCF); os outros mecanismos incluem a reparação da quebra da cadeia simples de DNA por excisão de nucleótido (genes ERCC4 e ERCC2) e por excisão de base (gene APC). Na abordagem que envolveu o estudo directo de genes candidatos para FNMTC, utilizouse a sequenciação de Sanger, não tendo sido identificadas variantes potencialmente patogénicas a nível germinal no promotor do TERT, nos 75 probandos das famílias estudadas. Contudo, nos 54 tumores da tiróide dos familiares estudados identificaram-se mutações no promotor do TERT (9%), BRAF (41%) e RAS (7%), não tendo sido identificadas mutações no gene EIF1AX. As amostras positivas para o TERT também eram positivas para o BRAF, sendo esta co-ocorrência estatisticamente significativa (p=0.008). Além disso, as mutações no gene TERT em concomitância com mutações no gene BRAF revelaram uma correlação significativa em estádios mais avançados do tumor (T4) (p=0.020). Este estudo demonstrou que as mutações no promotor do TERT não estão envolvidas na etiologia do FNMTC, mas sim implicadas na progressão e agressividade tumoral, quando coexistem com mutações no BRAF. Concluindo, identificaram-se genes que poderão estar envolvidos na tumorigénese do FNMTC. O gene SPRY4 poderá explicar a etiologia dos tumores da tiróide na família com FNMTC estudada e os genes de reparação do DNA parecem estar implicados na iniciação do FNMTC em diferentes famílias. Confirmou-se o papel oncogénico dos genes RAS e BRAF na progressão dos tumores da tiróide de origem familiar e, pela primeira vez, demonstrou-se que a coexistência de mutações no promotor do TERT e no BRAF está relacionada com a progressão e agressividade em FNMTC. O presente estudo incrementou o conhecimento actual sobre a base genética do FNMTC e corroborou que se trata de uma doença geneticamente heterogénea. A identificação destes genes envolvidos na iniciação e progressão do FNMTC, se suportado por estudos noutras séries, poderá permitir que famílias com esta doença tenham acesso a um diagnóstico precoce, facilitando o manejo clínico dos doentes.

ABSTRACT: Thyroid cancer is the most common malignancy of the endocrine system. The majority of thyroid cancers derive from the follicular cells, being designated as non-medullary thyroid carcinomas (NMTC). NMTC also occurs in a familial form, entitled familial non-medullary thyroid carcinoma (FNMTC), representing 3-9% of all thyroid cancers. FNMTC is currently defined by the diagnosis of two or more first degree relatives with differentiated thyroid cancer of follicular cell origin. The family members frequently present benign lesions of the thyroid, such as multinodular goiter (MNG). Several FNMTC susceptibility genes have been reported, such as NKX2.2, FOXE1 and DICER1, but these are mutated only in a small fraction of families. Thus, the molecular basis of FNMTC is still mostly unknown, being regarded as a genetically heterogeneous disease. Recently, germline truncating mutations in DNA repair-related genes have been described in cases of thyroid cancer. In addition, activating mutations in BRAF and RAS oncogenes have been reported to be involved in familial thyroid tumour progression. In order to further clarify the molecular basis of FNMTC, the main goal of this project was to identify novel susceptibility gene(s) for this disease. To achieve this aim, three different approaches were used: the study of a very representative family of our cohort (six affected members with NMTC) through wholeexome sequencing (WES); the analysis of 94 genes associated with hereditary cancer predisposition in 48 probands from FNMTC families, through next-generation sequencing (NGS), using a commercial panel (Trusight Cancer Kit); and the analysis of the candidate genes telomerase reverse transcriptase (TERT) and eukaryotic translation initiation factor 1A X-linked (EIF1AX), selected based on previous evidence for their involvement in familial and/or sporadic thyroid cancer. The analysis of the FNMTC family with six-affected members through WES generated above 300,000 variants for each sample. Significant variants were selected through bioinformatics analysis, sets of filters, and validated using Sanger sequencing. In silico prediction, literature and database search of gene function and expression, were used to select potentially pathogenic variants, which was followed by analysis of their segregation with the disease in the family. The variant (c.701C>T, p.Thr234Met) in SPRY4 gene was prioritised for functional studies. To disclose the contribution of this variant to thyroid tumourigenesis, functional studies were performed using three cell models (NIH/3T3, PCCL3 and TPC-1). Overall, mutant SPRY4, compared to the wild-type, induced an increase in cell proliferation/viability, colony formation and in phosphorylation levels of proteins involved in MAPK/ERK and PI3K/AKT pathways. These results are in accordance with the well-established role of these signalling mechanisms in thyroid tumour development. Overall, these data suggested, for the first time, a role for SPRY4 in familial thyroid cancer initiation. In the NGS analysis of 94 genes in the 48 probands from FNMTC families, a total of 20,160 variants were identified. In silico analysis of NGS data unveiled 47 likely pathogenic germline variants in genes involved in DNA repair (33 variants) and in other hereditary cancer predisposing genes (14 variants). From these variants, only 18 segregated with FNMTC in 13 families, of which 15 variants were in DNA repair genes (APC, ATM, CHEK2, ERCC2, BRCA2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, BRIP1 and PALB2), two in DICER1, and one in RHBDF2. These results reinforced the relevance of DNA repair genes and DICER1 in FNMTC aetiology and extended the present knowledge, by suggesting CHEK2, ERCC4, FANCA, FANCD2, FANCF, PALB2, BRIP1 and RHBDF2 as susceptibility genes for this disease. The main mechanisms involved in DNA repair, which may be altered according to this study, include the repair of double-strand breaks by homologous recombination (CHEK2, ATM, BRIP1, BRCA2, FANCD2 and PALB2 genes) and by DNA interstrand crosslink repair (FANCA and FANCF genes); the other mechanisms include repair of single-strand breaks by nucleotide excision repair (ERCC4 and ERCC2 genes) and by base excision repair (APC gene). In the approach that involved the direct study of candidate genes in FNMTC, using Sanger sequencing, no potentially pathogenic germline variants were identified in the TERT promoter in the 75 FNMTC families’ probands. However, in 54 familial thyroid tumours studied, we identified mutations in TERT promoter (9%), BRAF (41%), and RAS (7%), but no mutations were identified in EIF1AX. TERT-positive samples were also positive for BRAF, and this co-occurrence was statistically significant (p=0.008). In addition, TERT mutations in concomitance with BRAF mutations, had a significant correlation with more advanced tumour stages (T4) (p=0.020). This study showed that TERT promoter mutations are not frequently involved in FNMTC aetiology, but rather implicated in tumour progression and aggressiveness, when coexisting with BRAF mutations. Overall, we have identified novel susceptibility genes that are likely to participate in FNMTC tumourigenesis: SPRY4 seems to explain thyroid cancer aetiology in the FNMTC family studied and DNA repair genes may also be involved in FNMTC initiation. The oncogenic role of RAS and BRAF mutations in familial thyroid tumour progression was confirmed, and coexistent mutations in TERT promoter and BRAF were, for the first time, implicated in the progression and aggressiveness of FNMTC. This study improved the present knowledge of the genetic basis of FNMTC and further supported that this is a genetically heterogeneous disease. The identification of these genes involved in the initiation and progression of FNMTC, if supported by future studies in other cohorts, may allow families with this disease to undergo early diagnosis, and improve the clinical management of these patients.

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